Uma questão de ponto de vista
- Thiago Tombini

- 27 de abr. de 2011
- 5 min de leitura
Pois é… é a vida… uma mistura exagerada que varia entre novidades, rotinas e surpresas que podem ser vividas sob a ótica de dois pontos de vista totalmente distintos: o ponto de vista do problema e o ponto de vista da oportunidade. Na verdade, toda e qualquer oportunidade sempre vem primeiramente disfarçada de problema, e somente as pessoas mais preparadas conseguem enxergar a oportunidade em meio ao caos. Ativar o modo oportunidade e desativar o modo problema, consiste, antes de tudo, na experimentação sadia do medo intrínseco ao novo: isso não seria possível sem alguns ingredientes trabalhando em harmonia: autossustentabilidade, confiança, disciplina, motivação, paciência e senso de propósito.
As novidades, as rotinas e as surpresas intercalam os nossos dias, mas o fato é que nós vivemos sob a sombra, sob a luz e a sob escuridão de ambas, expostos a experiências diferentes, em momentos diferentes e garantindo aprendizados diferentes.
Tudo é realmente uma questão de ponto de vista: Até onde vai a vida? Até onde vai o rio? Até onde vai o preconceito? Até onde vai a fé? Até onde vai a dúvida? Onde começa o aprendizado? Essas respostas existem, mas não podem ser explicadas pela ciência.
Viver todos os dias, entre erros e acertos, entre o caos e a ordem, entre o medo e a coragem, entre o presente, o passado e o futuro, tudo é uma questão de ponto de vista. Sorrir quando algo bobo vem a cabeça é um ponto de vista. Chegar no final do dia com a certeza de que o amanhã será melhor é um ponto de vista. Admitir os próprios conflitos e planejar uma nova rota é um ponto de vista.
O mesmo medo que paralisa tem o poder de ensinar a correr. A mesma certeza que acomoda tem o poder de acordar para a vida. A mesma experiência que traz dor tem o poder de curar o corpo, a mente e o espírito.
Sabe quem define o rumo das coisas? Você! Colocar toda essa responsabilidade nas mãos do acaso, do destino, das outras pessoas, é pura ignorância. Assuma, de uma vez por todas, que tudo o que está acontecendo na sua vida é reflexo direto da atitude que você tem perante os acontecimentos na sua vida. Por favor, pare de terceirizar todas as coisas que são da sua ossada. Ninguém vive uma vida abundante, feliz e próspera terceirando o que é da sua responsabilidade.
“Saiba que são as suas decisões, e não suas condições, que determinam o seu destino.” — Anthony Robbins
Ser perfeito, único ou vitorioso é um ponto de vista particular, parte de como uma pessoa entende — no íntimo da sua consciência (ou da sua inconsciência) — a sua importância dentro do ambiente que a cerca. Ser um fracassado, um perdedor e um zero à esquerda, também é parte de como uma pessoa entende a sua importância no ambiente que a cerca. O ponto de vista é responsável pelo nascimento de um gênio e pela morte prematura de um gênio.
O ponto de vista é um instrumento de criação da realidade. O ponto de vista é um modelo particular de conexão com as coisas. O ponto de vista é um objeto de convicção.
Sabe quando você decide que é hora de parar de ser persuadido, manipulado e influenciado por pessoas ou meios que nada tem a agregar? É o momento que você passa a questionar as informações, assim como, as suas decisões, ações e resultados. Nada passa batido quando você está realmente preocupado com o foco do seu ponto de vista.
Outro dia um empresário, muito rico, me relatou que precisou passar por dificuldades em quase todas as áreas da empresa, para então ganhar um conhecimento extremo do seu negócio. Quantas pessoas suportariam isso? A maioria das pessoas ficaria de joelhos já na primeira crise. Não está no DNA humano, mas essa é uma mentira comprada como verdade. Quando as coisas ficam pretas, é mais fácil dizer: “Ninguém pode falar que eu não tentei!”.
Crises levam a conflitos. Conflitos levam a mais conflitos. Mais conflitos levam ao caos. O caos leva a loucura. A loucura leva a lona.
Claro, é muito mais fácil ceder à pressão e pensar em algo negativo, como por exemplo, tudo o que pode dar errado. E muitas pessoas não aceitam ser taxadas de “negativas”, é um rótulo que pode custar caro em uma sociedade que venera a “perfeição”. É assim que nasce o uso de velhas palavras para explicar coisas novas, como é o caso de “realista”.
“Eu não sou uma pessoa negativa. Eu sou uma pessoa realista!” Bom, para mim está mais para um escudo projetado especificamente para defender você do hábito feio que você tem de acreditar que o seu “pessimismo doentio” é um “realismo puro”.
As desculpas desempenham um papel importante no cotidiano das pessoas: fornecem um nível de clareza — mesmo que distorcida — que permite a cada pessoa expressar algum tipo de certeza sobre o objeto do seu vacilo. Quando uma pessoa se desculpa, parece que o seu dever foi cumprido. É uma falsa sensação que pode levar a uma vida de escassez, miséria e perdas.
É fato que as pessoas passam a maior parte do tempo conectadas a pensamentos desnecessários, fúteis ou pouco promissores. O que acontece é que o cérebro foi ensinado a pensar de tal forma, e se o cérebro aprendeu a pensar errado, também pode aprender a pensar certo. O problema é que essa questão de certo ou errado é uma questão de ponto de vista.
O seu ponto de vista tem uma ligação direta com a realidade que você vive.
Imagine essa cena: veja, ouça e sinta a cena na sua mente. Você vai fechar a janela do seu quarto, por um segundo se distrai com uma chave que caiu do chaveiro, e quando menos percebe fecha o seu dedo indicador direito na janela, a sua unha cai e o seu dedo está todo machucado. Na hora o seu dedo começa a inchar e vem aquela dor estonteante. E aí, você conseguiu imaginar? Qual seria o seu nível de dor em uma escala de 0 a 10 (sendo que quanto maior a nota na escala, maior é a dor)?
Agora, pense sobre o seguinte: você está desempregado, cercado de dívidas, passando por vários problemas (psiquiátricos, relacionamentos, saúde). Agora, imagine a seguinte cena: você vai fechar a janela do seu quarto, por um segundo se distrai com uma chave que caiu do chaveiro, e quando menos percebe fecha o seu dedo indicador direito na janela, a sua unha cai e o seu dedo está todo machucado. Na hora o seu dedo começa a inchar e vem aquela dor estonteante. Desta vez, tem um fator atenuante, o que acontece é que o seu telefone toca, você atende, e uma pessoa do outro lado da linha diz: “Você ganhou na Mega-Sena!”. Qual seria o seu nível de dor em uma escala de 0 a 10 (sendo que quanto maior a nota na escala, maior é a dor)?
O que eu quero comprovar com o exemplo acima? É simples: você precisou de um fator externo para aliviar a sua dor. O seu ponto de vista permitiu que você, no primeiro momento, sentisse a dor na escala máxima. No segundo momento, o seu ponto de vista foi levado a uma nova experiência, muito mais atraente, e bem possivelmente, a dor diminuir consideravelmente.
Qual o motivo de você não conseguir controlar a sua dor? O foco na dor!
Cada pessoa apresenta uma reação diferente quando o assunto é um desafio, uma oportunidade ou um problema. Algumas pessoas podem reagir com confiança, outras com medo, outras podem ficar paralisadas. O fato é que o ponto de vista tem a função de regular a realidade e estimular a mente e o corpo rumo a uma resposta.
Lembre-se sempre: “você não pode impedir que coisas ruins aconteçam na sua vida, mas pode escolher quanto tempo dar para que cada uma dessas coisas desapareçam da sua vida”.
Amor e Sabedoria.
Thiago Tombini
Imagem de Arek Socha por Pixabay



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